FOLHA 11 - NESTA FOLHA. ESTAM. LAMCADAS. TODAS. AS ILHAS. QVE ESTAM. DA. QINVCIALI. AO SVL.
A carta, que com a seguinte, retrata o Índico ocidental, dividindo-o pela linha do Equador, 37º para norte e 37º para Sul, é particularmente dedicada às rotas marítimas entre a África oriental e o Indostão, tendo como pontos de referência e de passagem nessas rotas, diversos arquipélagos e ilhas.
No canal de Moçambique, por exemplo, estão indicadas as ilhas de João de Lisboa e de João da Nova, em direcção às Comores e às Seychelles, mas encontramos, igualmente, topónimos repetidos para diferentes ilhas em locais distintos, como é o caso da Ilha do Almirante ou da Ilha do Mascarenhas. Também para o Índico “migraram” ilhas míticas do Atlântico, como a de São Brandão, a 17º S, ou existem ilhas incertas, com pouca informação, como os Romeiros Castelhanos, a 28º S. Junto à escala de latitudes, na base do mapa, sobre a esquadria, uma discreta mas importante indicação: “I. q achou sam Paulo 38º”, referindo-se à descoberta da ilha pelos portugueses aquando do naufrágio da nau São Paulo, e que será figurada nos atlas holandeses de Blaeu.
A parte continental, apenas um quinto do mapa, compreende os litorais, da foz do Zambeze à costa da Somália, até ao Equador (que serve de limite Norte), com a ilha de Madagáscar bem destacada. Não existe qualquer simbologia de posse portuguesa sobre os arquipélagos do Índico. Apenas duas bandeiras com a Cruz de Cristo foram implantadas no litoral do futuro Moçambique: em Sofala e na Ilha Moçambique.
João Carlos Garcia
(Faculdade de Letras, Universidade do Porto)